Cristina Esteche

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Trevo do Cavalo, uma indignação!

Por mais que eu tente entender certas atitudes, confesso que não consigo. Uma delas é um ícone do passado, embora histórico, impedindo, por exemplo, um bem coletivo. Me refiro a um tema que venho debatendo há algum tempo, que é o chamado ‘Trevo do Cavalo’. O guarapuavano sabe muito bem onde fica. É ali na Avenida Manoel Ribas, a principal artéria de entrada à Guarapuava.

Entretanto, a avenida construída para ser um corredor de fluidez no trânsito, virou um caos. Só por causa do ‘Cavalo”? Não! para ser sincera o congestionamento começa no Chafariz da XV, e vai seguindo. Mas é ali na estátua implantada em comemoração aos 200 anos de Guarapuava, sob a visão do ex-prefeito Fernando Ribas Carli, que há um dos gargalos. E parte da extensão da ‘Manoel Ribas’, a Avenida Sebastião Ribas atravessa a via. Ali há o encontro de carros de todos os tamanhos, vindo e indo ao bairro Bonsucesso; à Rodoviária Municipal; à entrada e saída da cidade.

Com esse vai-e-vem de veículos por todos e de todos os lados, não apenas os condutores, pilotos de motocicletas e ciclistas ficam doidos. O pedestre, coitado, precisa acenar com as duas mãos, erguer os braços, correr, voltar. E mesmo assim, atravessar a avenida é um desafio ímpar. Isso sem falar em atropelamentos, colisões, buzinas. Uma freada aqui, outra ali e por aí vai.

Mas quando eu disse lá no início que não conseguia entender certas coisas, é porque não me ‘entra na cabeça’ mesmo. Qual a diferença entre retirar uma estátua de um lugar e transferi-la para uma praça, por exemplo? Não seria este um lugar mais adequado e mais valorizado para receber um monumento?

REAÇÃO

Pois é. Vamos a esse fato. A transferência da estátua do colonizador Diogo Pinto de Azevedo Portugal sobre o cavalo, sugerida pela atual administração municipal, causou a reação de entidades que tratam do patrimônio histórico de Guarapuava. Até o Ministério Público foi acionado. Dessa forma a Prefeitura teve que ‘aposentar’ o projeto que transformaria a ‘Manoel Ribas’  numa das modernas avenidas da Região.

E a proposta, na minha visão, valorizaria a estátua – ou melhor -, a homenagem feita à um dos colonizadores de Guarapuava. Azevedo Portugal comandou a Real Expedição de Conquista do Povoamento dos Campos de Guarapuava. Conforme a história, a expedição chegou à Região em 17 de junho de 1810 e construiu o Fortim Atalaia para se contrapor aos ataques dos índios das tribos Camés, Votorões e Cayeres ou Dorins. Na época eles eram os donos desta terra.

FECHANDO O PARÊNTESE

Mas fecho esse parêntese e volto ao que interessa no momento. Não desmereço aqui a importância histórica do colonizador e não questiono o valor da preservação do patrimônio histórico de Guarapuava. Aliás, poderíamos ter muito mais. Um Centro Histórico, por exemplo, se não fossem as demolições de construções antigas e feitas com  ordem oficial. Mas esse é um assunto para outra hora.

O que não consigo entender é por que uma representação impede um bem coletivo que se traduz, principalmente, em segurança no trânsito? Por que ícones do passado não podem conviver em harmonia com o presente? Será que não está faltando um pouco de bom senso por parte de entidades e instituições? Afinal, qual patrimônio importa mais? Os estáticos ou aqueles com vida? No meu entendimento é o humano. As pessoas que fazem o cotidiano da cidade, que protagonizam cenas de produção, que são ativos na sociedade.

Pra mim, estátuas, monumentos e outras homenagens, materiais ou não palpáveis, valem e muito. É um reconhecimento da sociedade para quem – conforme o entendimento ideológico de cada um – teve um papel fundamental na história. Portanto, faço aqui um tributo a todos os ‘Diogos’, a todos os indígenas que tiveram o sangue derramado, encharcando esta’ Terra de Guairacá’.

Mas realmente há coisas que não consigo entender. São coisas tão simples de serem solucionadas. Basta uma conversa até mesmo com descendentes do homenageado. Creio eu, que ninguém se importaria com uma possível transferência. Ou será que me engano? Bom, vou continuar debatendo esse e outros temas. São assuntos que me causam inquietude. Mas como podem perceber, eu sou mesmo indignada.

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Cristina Esteche

6 comentários em “Trevo do Cavalo, uma indignação!

  1. Acho que o problema ali é falta de sinalização. É um entroncamento com movimento intenso em todos sentidos. A retirada do monumento não vai diminuir o fluxo e nem diminuir a insegurança no local. Merece e um estudo detalhado, com estabelecimento de prioridades, semáforo para pedestres e veículos, tudo baseado em estatísticas de fluxo. Com uma sinalização eficiente, organizando a velocidade, os transeuntes terão mais segurança e o monumento vai ter maior visibilidade. Sabemos que é uma via de trânsito rápido mas a segurança é mais importante.

  2. Bem falado Cris!!! Explicou certo!!!! Além de que essa estátua deve ser colocada na forma de visão onde a proporção cavalo/homem esteja com melhor forma simétrica!!!

  3. Apoio plenamente com o que a Cristina falou e relatou nesta matéria …. Um bem patrimonial ou monumento histórico deveria sim estar em uma praça ou até mesmo em um parque para que nossa futuras gerações entrem em harmonia com nosso passado, pois não tem sentido isso vendo por outra visão, que geração futura exemplo nossas crianças, vão em uma avenida movimentada para exautar uma histórica batalha, isso na verdade já se torna falta de cultura.

  4. Francamente não entendo como um objeto feito a pouco tempo vira patrimônio histórico, pior sobrepõe os interesses da população. Poderia retirar todas as rotatórias da avenida, substituir por semáforos inteligentes nestes pontos e fechar os outros contornos

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